quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Pólvora seca

O dia do duelo, o dia do debate, o dia do orçamento – como lhe queiram chamar. Ontem foi o dia em que José Sócrates foi abrir o debate sobre o Orçamento de Estado e ao mesmo tempo reencontrar o seu velho rival Pedro Santana Lopes. A blogoesfera esteve atenta, e começo por notar esta definição muito curiosa da Assembleia pela pena de João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos:
“O Parlamento é uma espécie de condomínio fechado com os mesmos porteiros e seguranças há trinta e tal anos. Muda apenas o administrador. Agora é Sócrates. Há dois anos e meio que repete, com sucesso, a mesma lição”.
Ontem, no entanto, a lição tinha pela frente Santana Lopes. Chamaram àquilo um duelo mas Ana Rita Ferreira, no blog Margem Esquerda, fez bem a síntese:
“O Benfica-Sporting de hoje, que devia ter tido lugar no Parlamento, foi um flop. Mas só quem não conhecesse Santana Lopes podia esperar algo diferente... Como sempre, não fez o "trabalho de casa" e foi superficial. Com ele a dirigir o grupo parlamentar do PSD, Sócrates vai ganhar sempre por falta de comparência do adversário”.
Daniel Oliveira concorda, no Arrastão: “A notícia do renascimento de Santana foi manifestamente exagerada”, afirma, e acrescenta: “Santana não esteve mal. Esteve só igual a si próprio. Sócrates fez o que se esperava”.
Ainda à esquerda, Miguel Portas no blog Sem Muros:
“Dos dois lados, foi uma tristeza. Sem novidade, e reeditando mil debates onde os socialistas lançam as responsabilidades sobre quem já as teve e os sociais democratas sacodem a água do capote. Como comentou Francisco Louçã, “tinhamos a promessa de um duelo ao sol e está na altura de devolverem os bilhetes”…”
Miguel analisa depois em detalhe o Orçamento, vale a pena ler o longo texto que está no blog.
Mais à direita, José Pacheco Pereira no Abrupto recupera o programa Prós e Contras, onde se antecipou o debate do Orçamento, e exclama:
“O Prós e Contras revela involuntariamente uma verdade maior: há hoje menos oposição em Portugal do que há uns meses, no que verdadeiramente conta, no que dói ao PS e ao governo”. E recorda as propostas de entendimento entre PSD e PS deixadas no ar há dois dias por Luís Filipe Menezes.
Parece ser esse, afinal, o problema de fundo que marcou a apresentação do Orçamento: José Sócrates continua a governar sem oposição, ou apenas com um vago fogo-de-artifício à direita. Fogo-fátuo, como em geral a blogoesfera notou.

1 comentário:

samuel disse...

É a versão tuga: o circo, mas sem pão.