Comecemos a semana com sinceridade... (e não, como Paulo Bento, com tranquilidade..).
Pois bem, com sinceridade cá vai: diariamente frequento o blog “A Causa Foi Modificada”, do autor - sob a forma de pseudónimo - Maradona, que muitas vezes tenho aqui citado, por ser dos mais bem escritos, inteligentes e imaginativos autores da blogoesfera, e por juntar a esses talentos uma dedicação ao futebol que raramente se concilia nos media com essas mesmas qualidades. Ou seja: uma soma improvável mas aqui conseguida.
Venho de fim-de-semana e o que encontro eu: um longo post de Maradona ainda a propósito de Scolari e do presumível murro. Maradona terá defendido Scolari e a blogoesfera caiu-lhe em cima. Vai daí defendeu-se. E é tão inteligente, sólida e bem escrita a defesa, e ganha em si mesma um olhar tão incomum sobre o futebol, que vale a pena ocupar esta Janela de hoje só com algumas das ideias essenciais que Maradona deixa. A saber:
Um: “O futebol é uma forma de arte. Não me peçam para explicar. O arrepio que sinto na espinha ao ler uma página do Guerra e Paz é o mesmo que sinto ao ver uma contra-vírgula do Ronaldinho Gaúcho. Não me peçam para explicar, falem com o meu neurologista. Entre o futebol e a literatura, é claro, não existe comparação possivel. Mas tão pouco acho que exista comparação possível entre, por exemplo, a escultura e a literatura. As coisas não têm que ter o mesmo valor para poderem ser vividas como experiências estéticas de intensidade igual”
Dois: “Quem não sente o futebol como uma manifestação estética da inteligência humana está disposto a sacrificar, em nome de uma moral, o "bom" (quem vence) em favor do "mau" (quem perde). Quem sente o futebol como um espaço privilegiado de exploração dos limites da criatividade e do físico humanos não aceita, por ética nenhuma, que lhe coloquem fronteiras artificiais vindas de fora das regras do futebol.”Três: “A moral do desporto são as regras do desporto, ou seja, a moral do futebol propriamente dito são as regras do futebol. Não há mais nada no futebol, não deve haver mais nada no futebol, não tem que haver mais nada no futebol. E eu concordo com as regras actuais do futebol.”Quatro: “Não é admissível que se queira transformar o desporto num exemplo, mas mais chato ainda é que vejam nos vencedores do futebol um espelho fiel das pessoas que o apreciam. Não se faz isso em praticamente nenhuma ficção humana, acho pouco decente faze-lo do desporto. Por isso, de nenhuma maneira se pode dizer que a pessoa que defende a permanência de Scolari está a justificar os "meios com os fins". Porque os meios estão bem definidos pelas regras do futebol”.
Bom, o texto na integra está no blog “A causa Foi Modificada” e é um pequeno tratado sobre a paixão e o deporto, neste caso a paixão e o futebol. Não é preciso concordar com o autor - e em vários passos eu não concordo... - para lhe reconhecer profundidade e sentido. Pagaria o preço de um jornal para o ler. Pode ler-se gratuitamente na blogoesfera. Que mais posso querer para começar a semana?
Um: “O futebol é uma forma de arte. Não me peçam para explicar. O arrepio que sinto na espinha ao ler uma página do Guerra e Paz é o mesmo que sinto ao ver uma contra-vírgula do Ronaldinho Gaúcho. Não me peçam para explicar, falem com o meu neurologista. Entre o futebol e a literatura, é claro, não existe comparação possivel. Mas tão pouco acho que exista comparação possível entre, por exemplo, a escultura e a literatura. As coisas não têm que ter o mesmo valor para poderem ser vividas como experiências estéticas de intensidade igual”
Dois: “Quem não sente o futebol como uma manifestação estética da inteligência humana está disposto a sacrificar, em nome de uma moral, o "bom" (quem vence) em favor do "mau" (quem perde). Quem sente o futebol como um espaço privilegiado de exploração dos limites da criatividade e do físico humanos não aceita, por ética nenhuma, que lhe coloquem fronteiras artificiais vindas de fora das regras do futebol.”Três: “A moral do desporto são as regras do desporto, ou seja, a moral do futebol propriamente dito são as regras do futebol. Não há mais nada no futebol, não deve haver mais nada no futebol, não tem que haver mais nada no futebol. E eu concordo com as regras actuais do futebol.”Quatro: “Não é admissível que se queira transformar o desporto num exemplo, mas mais chato ainda é que vejam nos vencedores do futebol um espelho fiel das pessoas que o apreciam. Não se faz isso em praticamente nenhuma ficção humana, acho pouco decente faze-lo do desporto. Por isso, de nenhuma maneira se pode dizer que a pessoa que defende a permanência de Scolari está a justificar os "meios com os fins". Porque os meios estão bem definidos pelas regras do futebol”.
Bom, o texto na integra está no blog “A causa Foi Modificada” e é um pequeno tratado sobre a paixão e o deporto, neste caso a paixão e o futebol. Não é preciso concordar com o autor - e em vários passos eu não concordo... - para lhe reconhecer profundidade e sentido. Pagaria o preço de um jornal para o ler. Pode ler-se gratuitamente na blogoesfera. Que mais posso querer para começar a semana?
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